No dia 22 de abril, a Igreja Católica celebra com especial devoção a memória de três santos que marcaram profundamente a história da fé cristã em seus primeiros séculos: São Sotero, São Caio e São Agapito I. Todos eles exerceram o papado em tempos de perseguição, heresias e desafios internos, mas permaneceram firmes no amor a Cristo, na defesa da Igreja e na condução dos fiéis. Suas histórias, embora de épocas diferentes, se entrelaçam no mesmo fio da fidelidade à missão apostólica confiada a Pedro.

São Sotero foi o 12º papa da Igreja, tendo exercido o pontificado entre os anos 166 e 175, durante o reinado do imperador Marco Aurélio, conhecido por suas perseguições aos cristãos. De origem grega, Sotero destacou-se pela compaixão e espírito de caridade.

Enviava ajuda aos cristãos perseguidos, especialmente os da região da Ásia Menor, além de cartas pastorais de grande valor espiritual e doutrinário.

Durante seu pontificado, enfrentou heresias como o montanismo, que pregava uma nova revelação do Espírito Santo com práticas rigoristas e profecias que ameaçavam a doutrina apostólica. São Sotero foi firme ao condenar tais desvios, reforçando a autoridade da Igreja de Roma como centro da verdadeira fé. Sua dedicação ao serviço da caridade e à doutrina pura o tornaram um pastor exemplar, e segundo a tradição, ele morreu mártir.

Intercessão: É invocado especialmente por líderes religiosos, missionários e por aqueles que trabalham com os mais necessitados.

“Ó Deus, que destes a São Sotero o espírito de fidelidade à Doutrina de Jesus Cristo, além de uma ardente caridade para com todos e a coragem de enfrentar a morte por causa de Ti, dai também a nós essas virtudes, para que possamos testemunhar o vosso infinito amor pela humanidade. Amém.”

São Caio, também conhecido como Papa Caio, governou a Igreja de 283 a 296. Nascido na Dalmácia, era parente do imperador Diocleciano, um dos maiores perseguidores dos cristãos. No entanto, Caio nunca usou sua posição para se favorecer: escolheu seguir fielmente o Evangelho, mesmo sob risco de vida.

Seu papado foi marcado por um tempo de relativa paz antes da grande perseguição de Diocleciano. Aproveitou esse tempo para reorganizar a estrutura interna da Igreja e fortalecer a fé dos fiéis. Introduziu critérios mais definidos para o acesso aos ministérios eclesiais, o que ajudou na formação de lideranças mais comprometidas.

Segundo a tradição, Caio teria morrido escondido nas catacumbas de Roma, onde se refugiava com os cristãos. Seu testemunho de fé silenciosa, coragem e humildade fez dele um exemplo de líder sereno e prudente.

Intercessão: É buscado por aqueles que exercem liderança e enfrentam pressões ou dilemas morais no serviço da fé.

“São Caio, servo fiel de Cristo e guardião da Igreja, vós que guiastes o rebanho de Deus com sabedoria e coragem, intercedei por nós para que sejamos perseverantes nas dificuldades e humildes no serviço. Amém.”

São Agapito I foi papa por um breve período, de 535 a 536, mas sua atuação foi decisiva. Filho de um sacerdote romano, Agapito dedicou-se ao estudo e à oração, sendo chamado ao pontificado em um momento de tensão entre as Igrejas do Ocidente e do Oriente.
Em viagem diplomática a Constantinopla, ele conseguiu restaurar a comunhão com o patriarca ortodoxo, reafirmando a fidelidade à doutrina cristã e combatendo heresias como o monofisismo (que negava a natureza humana de Cristo).

Sua firmeza doutrinal e habilidade diplomática o tornaram um verdadeiro “pontífice”, ou seja, construtor de pontes. Faleceu na própria viagem, mas deixou um grande legado de unidade e ortodoxia.

Intercessão: Invocado por aqueles que trabalham pela unidade da Igreja, pelo diálogo entre cristãos e pela fidelidade à verdade.

“Senhor, por intercessão de São Agapito I, concedei-nos a graça de permanecermos firmes na verdadeira fé, buscando sempre a unidade da vossa Igreja. Que seu exemplo de coragem e dedicação nos inspire a viver com fidelidade o Evangelho. Amém.”

Este terço é rezado como o terço mariano tradicional, mas com meditações próprias para cada mistério.

1º Mistério – A caridade de São Sotero
Medite na caridade que brota do coração que ama a Deus e se entrega aos irmãos, mesmo sob perseguição.

“Senhor, dai-me um coração semelhante ao de São Sotero, que amou até o fim.”

2º Mistério – A fidelidade de São Caio
Medite na fidelidade silenciosa e perseverante diante dos desafios e decisões difíceis.

“Senhor, ajudai-me a permanecer firme na fé, como São Caio.”

3º Mistério – A missão de unidade de São Agapito I
Medite na importância de buscar a reconciliação, a verdade e a unidade no corpo místico de Cristo.

“Senhor, por intercessão de São Agapito, tornai-me instrumento da vossa paz e unidade.”

4º Mistério – O martírio espiritual dos três papas
Medite na entrega total a Cristo, mesmo que custe a própria vida ou reputação.

“Senhor, fortalecei-me nos momentos de prova, como fizestes com vossos servos Sotero, Caio e Agapito.”

5º Mistério – O legado da santidade no serviço à Igreja
Medite no chamado pessoal à santidade, mesmo nos pequenos gestos do dia a dia.

“Senhor, dai-me a graça de servir com amor, como fizeram esses santos papas.”

A celebração dos santos Sotero, Caio e Agapito I é um chamado à fé firme, à caridade ativa e à busca constante da unidade da Igreja. Que seu testemunho inspire todos nós, especialmente em tempos de divisão, medo e indiferença. Sejamos corajosos como eles, confiantes em Deus e comprometidos com o Reino dos Céus.

São Sotero, São Caio e São Agapito I, rogai por nós!

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